- Cara! Olha só que onda ‘manera’! Show!
- Pow! Hoje o mar não tá pro surf! As ondas estão quebrando
muito!
As expressões acima certamente já foram ouvidas por centenas
ou milhares de pessoas que como eu passaram por grupos de surfistas sentados
nas areias de alguma praia do litoral capixaba.
Enquanto a moçada se entusiasma ou fica decepcionada em
relação ao tempo e as ondas, eles certamente jamais poderiam imaginar ou saber
que, para Nelson Ferreira, lenda viva do surf capixaba, não havia esse negócio
de onda boa ou onda ruim. Ele aproveitava todas as ondas para executar potentes
batidas verticais e fortes cutbacks, que jogavam litros de água para o alto,
como marca registrada de suas manobras. Tudo isso fez com que ele se adaptasse
a qualquer tipo de onda, desde os pesados tubos do Barrão às merrecas cheias do
Solemar. Essa versatilidade fez com que ele alcançasse anos depois inúmeros
títulos e posições de destaque em competições nacionais e internacionais, e de
ter sido bem visto por outra lenda do surf brasileiro, Rico.
- Com 12/13 anos consegui boas colocações. Quando cheguei aos
16 anos, o Rico de Souza, que é um dos maiores expoentes brasileiros de surf
nacional e internacional, me viu e me abraçou, começou a me incentivar, ‘você
tem potencial, vou fazer suas pranchas, você vai vir para casa comigo, vai
participar de campeonatos no Rio, em Ubatuba, você vai estar comigo’. Comecei a
acompanhar ele e ele sempre me orientando, e fui evoluindo, e da década de 70
passei para a década de 80, que foram os anos brilhantes do surf no Brasil.
Onde o surf se profissionalizou, e houve campeonatos maiores. Aqui no estado
houve grandes campeonatos de surf, como o JS, que trazia os melhores surfistas
do Brasil e era realizado uma vez por ano, explicou.
O aprendizado com Rico lhe rendeu bons frutos tanto que ele
alcançou a quarta colocação no primeiro ano em que competiu no Circuito
Brasileiro de Surf Profissional, em 1987, superando adversários do calibre de
Carlos Burle, Fred D´Orey, Cauli Rodrigues e Dadá Figueiredo, entre outras
feras.
Isso numa época em que o julgamento valorizava mais a
quantidade de manobras do que a radicalidade delas.
A entrevista durou quase trinta minutos, e Nelsinho ainda
expôs outros assuntos ligados ao surf, à sua família, e ainda de algumas
características desse esporte radical que lhe traz benefícios pessoais, físicos
e psicológicos, uma vez que após o surf, ele se sente feliz, mais tranqüilo e
talvez seja esse o remédio que o deixa tão tranqüilo para encarar tantos
problemas cotidianos nos seus afazeres no MasterplaceMall.
Quanto ao resto da conversa, vamos deixar para outro dia em
que possamos surfar com ele, esteja o mar calmo ou bravo, mas que nos dê a
satisfação de encarar a vida de frente.
Até a próxima.
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