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domingo, 31 de agosto de 2014

Páginas 10 e 11 - Nelson Ferreira a lenda viva do surf capixaba


- Cara! Olha só que onda ‘manera’! Show!
- Pow! Hoje o mar não tá pro surf! As ondas estão quebrando muito!

As expressões acima certamente já foram ouvidas por centenas ou milhares de pessoas que como eu passaram por grupos de surfistas sentados nas areias de alguma praia do litoral capixaba.
Enquanto a moçada se entusiasma ou fica decepcionada em relação ao tempo e as ondas, eles certamente jamais poderiam imaginar ou saber que, para Nelson Ferreira, lenda viva do surf capixaba, não havia esse negócio de onda boa ou onda ruim. Ele aproveitava todas as ondas para executar potentes batidas verticais e fortes cutbacks, que jogavam litros de água para o alto, como marca registrada de suas manobras. Tudo isso fez com que ele se adaptasse a qualquer tipo de onda, desde os pesados tubos do Barrão às merrecas cheias do Solemar. Essa versatilidade fez com que ele alcançasse anos depois inúmeros títulos e posições de destaque em competições nacionais e internacionais, e de ter sido bem visto por outra lenda do surf brasileiro, Rico.
- Com 12/13 anos consegui boas colocações. Quando cheguei aos 16 anos, o Rico de Souza, que é um dos maiores expoentes brasileiros de surf nacional e internacional, me viu e me abraçou, começou a me incentivar, ‘você tem potencial, vou fazer suas pranchas, você vai vir para casa comigo, vai participar de campeonatos no Rio, em Ubatuba, você vai estar comigo’. Comecei a acompanhar ele e ele sempre me orientando, e fui evoluindo, e da década de 70 passei para a década de 80, que foram os anos brilhantes do surf no Brasil. Onde o surf se profissionalizou, e houve campeonatos maiores. Aqui no estado houve grandes campeonatos de surf, como o JS, que trazia os melhores surfistas do Brasil e era realizado uma vez por ano, explicou.
O aprendizado com Rico lhe rendeu bons frutos tanto que ele alcançou a quarta colocação no primeiro ano em que competiu no Circuito Brasileiro de Surf Profissional, em 1987, superando adversários do calibre de Carlos Burle, Fred D´Orey, Cauli Rodrigues e Dadá Figueiredo, entre outras feras.
Isso numa época em que o julgamento valorizava mais a quantidade de manobras do que a radicalidade delas.
A entrevista durou quase trinta minutos, e Nelsinho ainda expôs outros assuntos ligados ao surf, à sua família, e ainda de algumas características desse esporte radical que lhe traz benefícios pessoais, físicos e psicológicos, uma vez que após o surf, ele se sente feliz, mais tranqüilo e talvez seja esse o remédio que o deixa tão tranqüilo para encarar tantos problemas cotidianos nos seus afazeres no MasterplaceMall.
Quanto ao resto da conversa, vamos deixar para outro dia em que possamos surfar com ele, esteja o mar calmo ou bravo, mas que nos dê a satisfação de encarar a vida de frente.

Até a próxima. 

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