Ao abordar a questão da acessibilidade e da inclusão social,
me vem a lembrança uma propaganda veiculada no canal National Geography. A propaganda mostrava os dilemas do ser humano
normal diante de um telefone público adaptado para cadeirantes e uma biblioteca
contendo apenas livros em braile.
Diante disso paramos para fazer uma reflexão e percebemos
que estamos construindo um mundo apenas para os normais e estamos esquecendo de
uma parcela da humanidade que também convive conosco mas que também necessita
ter acesso a uma série de lugares ou que depende de encontrar acessibilidade
para que ele possa desfrutar da mesma qualidade de vida que desejamos.
Para Nena Gonzalez e Sheyla Mattos, acessibilidade “são as
condições e possibilidades de alcance para utilização, com segurança e
autonomia, de edificações públicas, privadas e particulares, seus espaços,
mobiliários e equipamentos urbanos, proporcionando a maior independência
possível e dando ao cidadão deficiente ou àqueles com dificuldade de locomoção,
o direito de ir e vir a todos os lugares que necessitar, seja no trabalho,
estudo ou lazer, o que ajudará e levará à reinserção na sociedade”.
A Copa do Mundo realizada no Brasil em alguns momentos
demonstrou que muitos seres humanos sem ética e sem caráter, utilizaram de
forma abusiva a prerrogativa de portadores de necessidades especiais para
garantir um bom lugar nos estádios de futebol para assistirem as partidas da
Copa do Mundo.
Como se não bastasse isso, todos os dias, em algum
estacionamento privado ou público, um motorista desavisado estaciona seu carro
ou na vaga de um cadeirante ou em frente à rampa de acesso dos cadeirantes, da
calçada para a via pública, e o fazem sem a menor cerimônia.
Elas afirmam ainda que este ainda é um grande desafio, uma
constante maratona. E além das barreiras físicas presentes existem outras
psicossociais que são inerentes às questões da pessoa com deficiência e que
necessitam ser removidas: o preconceito, a ignorância e o medo.
Nena e Sheyla explicam que “A pessoa com deficiência física
por lesão medular apresenta perdas ou reduções em sua estrutura física,
portanto sua personalidade, seu modo de agir e pensar permanecem os mesmos.
Trata-se, portanto, de alguém que se encontra numa situação de grande
dependência, sendo o uso da cadeira de rodas referencial fundamental para o seu
relacionamento com o meio, com o mundo. É preciso vê-la como participativa,
integrada ao meio social, fortalecendo sua adaptação e aptidões e, entender que
o que está errado são as edificações,os transportes etc., estes sim são os
deficientes”.
Elas esclarecem ainda que “combater toda e qualquer forma de
preconceito e discriminação é nossa obrigação como cidadão. Essa luta deve ser
travada diariamente, em casa, no meio social e no trabalho. A nossa
participação nesse processo é fundamental – respeitando as diferenças na
construção do direito a cidadania, mas principalmente como atuantes e não meros
expectadores”.
Portanto, depende de cada um de nós assegurarmos o direito à
igualdade, ao respeito ao próximo, não por imposição, mas por uma consciência
de responsabilidade social, por sentirmos que o significado da fraternidade nos
eleva enquanto seres humanos, uma vez que somos responsáveis pela qualidade de
vida de nossos semelhantes.
Afinal como está expresso na Declaração Universal dos
Direitos Humanos: “Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e
direitos. São dotados de razão e consciência e devem agir em relação uns aos
outros com espírito de fraternidade”.
Vale ressaltar que os Direitos Humanos se aplicam a todos os
indivíduos independentemente de sexo, raça, língua, religião ou deficiência, e
estão acima de qualquer diferença e condição social. Incluem-se aí os direitos
civis, políticos, econômicos, sociais, culturais e de desenvolvimento, sendo
definidos em muitos documentos internacionais.
A inclusão social – Já houve um tempo em que uma criança
portadora de necessidades especiais ou de problemas psicomotores ficava
trancada dentro de casa longe do convívio social. Hoje, graças ao avanço da
ciência e das inúmeras técnicas de fisioterapia, e ainda de projetos sociais
relevantes essas pessoas estão tendo a oportunidade de conviver com a sociedade
expandindo os seus limites. Um exemplo prático disso é o Projeto que a
Prefeitura Municipal de Vila Velha vem executando na Praia da Costa, no
balneário próximo ao Clube Libanês. Ali, diariamente uma equipe de pessoas
aptas e treinadas proporciona a pessoas com problemas psicomotricidade o prazer
de tomarem um banho de mar. Ainda nesse mês de agosto, um atleta de rugby em
cadeira de rodas, da seleção colombiana, teve o prazer de participar e tomar
banho de mar na praia mais famosa de Vila Velha.
Certamente não há palavras para descrever a emoção que o
atleta e tantas outras pessoas que curtiram o banho de mar, sentiram, e nem
mesmo dos profissionais da prefeitura que diariamente proporcionam essa
alegria.
Como disseram as pesquisadoras Nena e Sheyla, é preciso que
o ser humano seja imbuído de um sentimento de fraternidade, mas também
fiscalizados dos direitos do portador de necessidades especiais, para que ele
seja respeitado.
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