“Dar a César, o que é de César!”
A expressão acima vem a calhar no
momento em que a Revista Gaivotas Up! aborda duas reportagens mostrando dois
surfistas que deixaram suas marcas e seu nome nas ondas das praias capixabas,
Nelson Ferreira e Guto Bazoni.
Mas falar dos dois e não falar da
importância histórica que a Barra do Jucu têm para com esse esporte, seria uma
temeridade. Pois os amantes do surf sabem e se orgulham de dizer que a Barra do
Jucu é um capítulo à parte na história não apenas desse esporte, mas também do
bodyboarding, onde podemos destacar a atuação da campeã mundial, Neymara
Carvalho.
De acordo com Homero Bonadiman
Galvêas em sua obra “A História da Barra do Jucu”, “a atuação dos surfistas
sobre as ondas serviu para diluir o medo dos nativos e turistas, que pouco
freqüentavam a praia do Barrão no inverno (no verão as ondas diminuem)”.
Além disso, a Barra do Jucu
possui uma importância histórica no seio cultural, pois foi nela em 1974, que
foi inaugurada uma Galeria de Artes que mostrava regularmente obras de artistas
capixabas.
Outro fato que merece destaque na
cultura capixaba e que surgiu na Barra do Jucu foi a banda de congo que passou
a ser vista pela mídia, resgatando esta manifestação do folclore capixaba. Isto
fez com que em 1988, surgisse a primeira Banda de Congo mirim, da qual cinco
ex-integrantes viriam a constituir a Banda Casaca, que é uma das primeiras
bandas pop a se constituir num fenômeno capixaba, levando para o mundo um pouco
das músicas entoadas nas apresentações de Congo para o mundo.
Homero informa ainda que “o bloco
de carnaval mais famoso da Barra do Jucu, o Surpresa (que possui como
característica a sátira e a ironia com os nossos líderes políticos locais,
regionais e mundiais), sempre lembra com alegorias e músicas, os aspectos
ambientais, fazendo um protesto bem humorado, impessoal e criativo, lembrando
situações acontecidas na comunidade”.
A Barra do Jucu apresenta ainda
outra peculiaridade e fato que merece ser retratado nessas páginas, o fato de
que os surfistas locais abraçaram a causa da ecologia para lutar e defender o
meio ambiente. Hoje, se a cidade de Vila Velha possui uma Reserva Ambiental de
Jacarenema preservada, deve-se a esses pioneiros que criaram duas entidades no
bairro para defender o Rio Jucu e toda área ambiental localizada nas
proximidades da Barra do Jucu, que são a AMABARRA e a BARRA LIMPA.
A AMABARRA foi inaugurada em 2001
e recebe verbas da empresa RODOSOL para investir em projetos ecológicos. Já a
BARRA LIMPA, é uma entidade que faz um trabalho no sentido de que, “se você não
fizer ninguém vai fazer”, coerente com a noção do homem como agente na história.
Isso quer dizer que o próprio morador pode limpar a rua, se a prefeitura não o
fizer, e se não há arborização, cada um possui o direito e o dever de plantar
uma árvore.
Seja como for todo esse movimento
em defesa do meio ambiente, começou em 1982, com a Associação de Surf da Barra
do Jucu, a mais antiga do Estado do Espírito Santo, que também está voltada
para o sentido ecológico. Homero conta que essa entidade “realiza circuitos de
surf e campeonatos com limpeza das praias, distribuição de mudas de árvores
nativas, além de colocar nos campeonatos como um alerta o nome “SOS
JACARENEMA”, onde uma boa parte dos surfistas atua como verdadeiros fiscais da
natureza, denunciando a destruição de áreas verdes às entidades ambientais,
irregularidades na pesca e poluição hídrica”.
Finalmente Homero relata que, “os
pioneiros do surf na Barra do Jucu foram: Arthur Filho (Taru), Helinho Viana,
Sérgio Rossi, Sérgio Vellozo, Andersom Fidalgo (assassinado há alguns anos, e
que dá nome à antiga Avenida Beira Mar), Nelson Abelha, Renatinho e Carlinhos
Shalders, Renato e Sergio Larica, Orlando Ferrari, Gil e Memeco Bernardes,
Ricardo Chamon, Valtinho Balunga, Gui Aguiar, Artur Quiapani, Bolão, Dida,
Leko, Leléu, Riquinho Valadares, Hudson, Arthur Cupertino, Zé Nogueira, Luciano
Struzenecker, Marcos Bobo, Paulo Sérgio, Preju, Biam e Saulo Fidalgo, Dudu
Melão, Alexandre Coelho, Guto Bazoni, Jiló entre outros” e ele, que começou a
surfar em 1986, concluiu.
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