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domingo, 12 de outubro de 2014

Pág. 04 - Quando o progresso estava nos trilhos



“Lá vai o trem com o menino / Lá vai a vida a rodar/
Lá vai ciranda e destino / Cidade e noite a girar
Lá vai o trem sem destino / Pro dia novo encontrar
Correndo vai pela terra... / Vai pela serra... / Vai pelo mar...
Cantando pela serra o luar / Correndo entre as estrelas a voar / No ar, no ar...”

Ao visitar o Museu da Vale, e avistar a Maria Fumaça, na frente do museu o visitante que conhece a história do país certamente há de recordar-se dos acordes da famosa música “O Trenzinho do Caipira”, composta pelo mestre Heitor Villa-Lobos em 1930, cuja letra escrita por Ferreira Gullar foi anos mais tarde imortalizada pelo mineiro Edu Lobo.
Quem conhece a letra e a melodia, certamente há de fazer uma viagem no tempo e espaço, contido no seu íntimo e voltar a ter sensação de ser criança novamente e brincar com um trem.
Nessa mágica ilusão do tempo, observamos que, enquanto as crianças da região sudeste do Brasil, que acompanharam a evolução dos transportes viviam nas cidades, sonhavam ou brincavam de carros, ônibus e caminhões, enquanto as crianças que viviam em lugares mais afastados dos centros urbanos, ao ouvir o soar do apito do trem, tinham em suas mentes o desejo de serem maquinistas, esquentar as fornalhas do trem e viajar mundo afora pelos trilhos do desenvolvimento.

A História da EFVM
Foi na segunda metade do século XIX que a sonhada ligação ferroviária entre o interior de Minas Gerais e o Porto de Vitória teve origem. Em fevereiro de 1902, o governo federal concedeu, através de um decreto-lei, a criação da Companhia Estrada de Ferro Vitória a Minas.
Inicialmente as duas concessões ferroviárias distintas entre Vitória-ES a Peçanha-MG e de Peçanha-MG a Araxá-MG, malograram pela falta de recursos e de viabilidade comercial. Posteriormente quando se discutiam sobre qual o melhor traçado os engenheiros Pedro Augusto Nolasco Pereira da Cunha e João Teixeira Soares, se destacaram por vislumbrarem um novo horizonte e um novo traçado com base nos anteriores, dando a oportunidade de ligar o norte mineiro com o mar.
Dessa forma, com o objetivo de ligar Vitória-ES a Diamantina-MG, o primeiro trecho foi inaugurado em 13 de maio de 1904, com 30 quilômetros e contando com três estações: Porto Velho, Cariacica e Alfredo Maia.
O anúncio das descobertas de novas jazidas de minério em Minas Gerais em 1908, fez com que o destino final fosse alterado para a cidade de Itabira, onde uma grande mina seria explorada.
Ressalte-se o fato de que algumas questões advindas nas décadas seguintes inclusive com o advento da Primeira Guerra Mundial dificultaram o processo de expansão e modernização da Vitória a Minas, dessa forma o primeiro carregamento de minério no Porto de Vitória só ocorreu em 1940 e os trilhos só chegaram em Itabira dois anos depois.
A Estrada de Ferro Vitória a Minas só ganhou impulso após 1942 – a partir da criação da Companhia Vale do Rio Doce – formada a partir de acordos internacionais entre Brasil, Estados Unidos e Inglaterra.
O progresso
Enquanto a década de 1950 foi caracterizada pela introdução das primeiras locomotivas a diesel, a década de 60 trouxe consigo a substituição das locomotivas a vapor por locomotivas diesel-elétricas. Além disso foram construídos novos ramais no vale do Rio Piracicaba-MG e começou-se a pensar na ampliação da capacidade da linha para o transporte de minério. Já a década de 70, foi marcada pela duplicação da linha.
Nas décadas de 80 e 90 houve o aumento da capacidade de transporte por meio da diversificação de produtos transportados juntamente com o minério de ferro.
Mesmo com a privatização da Vale, ocorrida em 1997 os investimentos na ferrovia continuaram com a aquisição de novas locomotivas e vagões em função do crescimento da produção do minério de ferro.
Maria Fumaça
Popularmente conhecida como Maria Fumaça, a locomotiva Mikado nº 185, fabricada pela Baldwin Locomotives Works na Filadélfia, Estados Unidos, em agosto de 1945, é uma das últimas a vapor adquiridas pela Vale na década de 40. Tem capacidade para puxar até 22 vagões carregados de minério de ferro a uma velocidade de 25 km/h, sendo originalmente operada por um maquinista, um foguista (que alimenta a fornalha e a caldeira) e um graxeiro.
As locomotivas a vapor da Estrada de Ferro Vitória a Minas foram gradualmente substituídas pelas diesel-elétricas entre as décadas de 1950 e 1970. Restaurada pela última vez no primeiro semestre de 1997 na oficina de vagões no Complexo de Tubarão da Vale, em Vitória, Espírito Santo, por um grupo de aposentados da antiga oficina de João Neiva, a Maria Fumaça encontra-se em condições normais de funcionamento.


A cobertura existente junto à plataforma do Edifício Sede foi projetada e construída em 2005 especialmente para abrigar a composição da Maria Fumaça (locomotiva, carro de passageiros e vagão de cargas), protegendo-a das intempéries.
O Museu
O Museu Vale como é conhecido foi inaugurado em 15 de outubro de 1998, e foi uma iniciativa da Fundação Vale uma vez que essa instituição realiza ações, projetos e programas sociais nas regiões onde a Vale está presente, com o objetivo de contribuir para o desenvolvimento dos territórios e de fortalecer as pessoas e as comunidades, respeitando sempre as identidades culturais locais. Porque a Fundação Vale acredita que investir em equipamentos e programas de cultura é uma oportunidade de desenvolvimento territorial, uma vez que fortalece as políticas públicas de cultura promovendo a inclusão – em especial, de crianças e jovens.
Vale ressaltar que a participação em atividades culturais traz impactos positivos para sociedades e indivíduos em outras múltiplas dimensões: desenvolve capacidades e habilidades, estimula a criatividade, fortalece a autoestima, cria valores e abre novas possibilidades de trabalho e renda.

Com suas exposições, seminários e oficinas de arte, promove o contato com a diversidade das linguagens, técnicas e estéticas contemporâneas, incentivando muitos jovens a ingressarem no mercado de produção artístico-cultural. 

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